sábado, outubro 23, 2010

HIPERMERCADOS - O meu testemunho

CARTA ABERTA
O meu testemunho!

Para quem não me conhece posso afirmar-me como trabalhador de uma grande superfície comercial, e por isso este é o meu testemunho.

O facto das Grandes Superfícies Comerciais (GSC) passarem a abrir ao Domingo poderá implicar mais encargos com o pessoal, custos acrescidos relativamente ás matérias consumidas (electricidade, água, etc.), eventualmente custos iniciais com serviços externos (consoante a capacidade de armazenamento das GSC ou entrepostos, poderá haver necessidade de um espaço maior, ou pelo menos optimizado de armazenamento visto que muitos fornecedores poderão optar por não fazer entregas por exemplo ao fim de semana.) Dentro das limitações inerentes ao meu nível escolar suponho que o percentual de custos, pelo menos numa fase inicial desta medida seja superior ao percentual de lucros.

Mais encargos geram assim um activo temporalmente inferior o que é inaceitável para qualquer empresa que se preze; não há assim historicamente uma evolução positiva. De forma a colmatar este decréscimo de rendimentos existem algumas alternativas:

1. Optar pela importação de produtos, na medida em que algumas das chamadas marcas brancas e menos onerosas, são de origem externa (com um preço de custo, devido a factores como a variação de IVA, muitas vezes mais baixo); por que não distender esta estratégia para produtos com determinadas especificidades e com um ciclo de vida ainda em crescimento perante o consumidor português?
2. Optar pelos famosos contratos a termo, que sim criam mais postos de trabalho. Postos estes que muitas vezes são subsidiados durante determinado período de tempo pelo estado (e quem será que paga ao estado? Serão as famílias portuguesas?) Tal poderá implicar uma redução dos quadros das empresas, trabalho precário; trabalho precário poderá originar desemprego (e de onde virão os fundos que permitem ao estado subsidiar os desempregados?) Enfim, mas é preferível que exista o apoio do estado certo? De outra forma as empresas não efectuariam contratações algumas e quiçá, talvez se mudassem para Espanha. Há quem lhe chame Lobbing; pessoalmente chamo a isto extorsão. As Empresas “são subsidiadas” pelo estado; o Estado “é subsidiado” pelas famílias; famílias estas, que “subsidiam”, ou neste caso consomem e geram lucros acrescidos para as Empresas.
3. Com esta abertura aos domingos e feriados amplamente denunciadas pelos média e pelos respectivos sindicatos e com esta lei que protege cada vez mais o grande empresário, qual será a imposição da classe trabalhadora quando de horário lhe apresentarem uma escala de trabalho para dia 25 de Dezembro e 01 de Janeiro? Isto tudo com o maior sacrifício das "nossas" famílias?

Assim sendo o consumidor está sempre a “pagar a alguém” e mais, para ter uma mera comodidade financeiramente irrelevante. Paga-se para Consumir e Paga-se para trabalhar.

E qual será a mais valia? Será isto ridículo e redundante?

Por vezes tenho a sensação que a sociedade em que vivemos ainda não saiu do neolítico; parecemos um grupo de caçadores de tribos rivais a lutar pela carcaça de um animal qualquer.

Abraço!

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