domingo, outubro 29, 2006

O cartão de visita

Lembram-se daquela reunião de acionistas que eu ia ter? [aqui].

Pois há uma coisa que me faz confusão nessas reuniões de acionistas, ou melhor, entre acionistas. Acho que é uma espécie de ritual quase tribal de auto-afirmação. Decerto já todos repararam que quando há uma reunião em que se encontram pessoas de duas ou mais empresas, ou pessoas que não se conhecem no mundo dos negócios, os 1os 5 minutos, são usados para a troca de cartões de visita. E não se pense que é de uma forma qualquer. A empresa que visita, ou a pessoa visitante, ou numa linguagem mais futeboleira, joga fora, é a 1ª a entrgar os seus cartões. Quem recebe olha, analisa a textura, lê o que está escrito, daí ser importante que a função que a pessoa vai representar por muito irrelevante que seja esteja descrita de forma pomposa. Por exemplo. Um responsável pelas operações bolsistas de um qualquer banco, será apresentado como, "Market Operacional Analisys Specialist". De seguida é quem está a receber que entrega os seus cartões e o ritual prossegue. Só passadas estas formalidades é que a reunião pode efectivamente começar apesar de se correr o risco de alguém vir atrasado. Sim , que o atrasado nestas situações tem uma agravante especial, pois como não participou no ritual inicial terá de preceder á distribuição de cartões interrompendo assim o que quer que fosse que se estava a tratar, mas evidentemente que o cartão tem prioridade.

O problema maior põe-se no entanto quando um dos participantes da reunião não tem cartões para distribuir, por acaso a mim aconteceu-me isso. Não poucas vezes já ouvi e dei a desculpa, "pensava que os tinha posto aqui" ou "querem ver que me esqueci dos cartões de visita". Esta situação apesar de atenuar um pouco o embaraço da situação não o resolve de todo. Qualquer pessoa que não tenha cartões para distribuir fica diminuido na sua "autoridade" mesmo antes de começar a falar. Recebe a cada intervenção aquele olhar do, "mas quem és tu?". Esta situação é particularmente embaraçosa quando vamos para defender uma posição complicada. Se for esse o caso o melhor mesmo é rendermo-nos e tentar negociar as condições de rendição da melhor forma possível.

É esta a nossa vida!

Sem comentários: